terça-feira, fevereiro 17

Tu me olhas, e resisto.

Quando tu não me olhas eu só vejo a mim, e quando eu vejo a mim a escuridão me cerca e me sinto observado por ela. Quando tu não me seguras o mundo me domina, controla as minhas ações. Onde está aminha vontade? A minha vontade não está em ti? Por que a minha vontade cai para as coisas visíveis quando te afastas? Te afastas realmente? Eu quero que só tu me olhes, porque só tu me conhece. A vergonha que eu tenho de existir me afoga dia após dia. Tudo que é do corpo me repugna e me asfixia, quando não posso me achegar a ti. Me olhas agora? Me observas de um esconderijo? Onde estás quando não te vejo, se é a tua presença que me faz escrever? Será que tu és apenas na minha lembrança?

Por que resisto a ti, quando me amas de forma ordenada? O meu amor é desordenado e busca alcançar o que não consegue. Eu preciso que me coloques num caminho, que me faça esquecer e que distribua armadilhas, para me capturar, pois meu coração é traiçoeiro consigo mesmo. Resisto a ti por que me amas com amor maior que o meu. Por que não consigo penetrar as tuas profundezas sem que me leves pela mão. Resisto por que caio, caio em mim mesmo e me engano, observando meu reflexo na fonte límpida da vaidade. Tu me olhas, mas não te vejo por que resisto a ti. Sobretudo, sei que me olhas.

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