quinta-feira, setembro 24

O buraco que abre para o que é desse mundo.

O meu pesar inflama e, ao tentar se despedir, desabrocha em carne e sangue. O teu triunfo regozija os vermes da minha escuridão, e a tua fome desperta a correnteza densa do meu amargor. Por que ouso te olhar, cumpro minha sentença. A sujeira que germina em mim é o teu fruto e a tua delícia. Mas no fundo da imensidão que cerca o vazio da tua presença, me ergo contra ti. Sou erguido contra ti. Não por vontade própria, mas pela vontade que me faz querer te derrubar; que me faz, apesar da tua insistência, reparar nos detalhes dos atos que se toma sem se querer. E querendo assim, não por meu querer, mas pelo querer de quem me torna escravo, posso assim escolher.
Serei então fiel à estrela que me gerou, e resistirei até o fim, porque os teus olhos continuam sobre mim, apesar da minha mudança de cor. Mesmo que a terra me engula e me faça sentir o peso que é existir sem o céu, não soltarei o barbante que me guia àonde tu estás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores