quarta-feira, novembro 4

Melivre.

Como as estações efêmeras desse quebra-cabeça do mundo que se apresenta emoldurado em cada uma das paredes do quarto trancado dos meus sentidos, assim sou eu, arrastado pelo vento grosseiro dos sentimentos fugazes que visitam de quando em quando a minha alma, para os quais eu, com tanto asseio, havia preparado o aposento; escravizado pelo calor sujo que aos poucos queima meu coração como a um pedaço de bombril amarrado na ponta de um barbante, que a curiosidade, vestindo a fantasia da inocência, gira em torno de si, distribuíndo esplendorosas faíscas, abundantes como uma cachoeira de luz que escorre do manancial do meu peito, direto para o ralo da cinza do tempo. Não posso mais observar esse malabarismo de imagens que tomam conta da minha vontade. Não quero mais me deixar levar pelo furor desse redemoinho que me serve só como tropeço. Agora, agora é o momento em que eu me entrego. Tu, que agora aqui me vê, a ti eu me entrego. Não quero mais a mim, quero a ti. Que o meu amor por ti seja maior que por mim, e que só seja por mim quando vier de ti. Me livra de mim mesmo!

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